Janeiro Branco: mês dedicado à conscientizar as pessoas sobre a importância de cuidar da mente. O HCR também está engajado nesta causa.  O Dr. José Saraiva Júnior, Psiquiatra e médico da Família e Comunidade, deixa sua contribuição sobre o assunto.   Confira:

“Nos dias atuais a prevalência de transtornos mentais no mundo contribui de forma significativa para o surgimento de outras doenças clínicas aumento a mortalidade e incapacidade dos seus portadores.

Por serem doenças crônicas, na sua maioria, acarretam uma carga de prejuízo ao longo do tempo na pessoa com sofrimento psíquico, que somados aos transtornos neurológicos, eles representam 14% da carga global de doenças, e 21% na América Latina (WHO 2007). Estima-se que 25% da população geral apresente um ou mais transtornos mentais ao longo da vida (Rodriguez et al., 2009).

Sabe-se que a dificuldade de locais de tratamento ainda é ínfima frente à demanda. Segundo a ABP (2014), nos países em desenvolvimento, a defasagem no tratamento (proporção dos que necessitam de tratamento e não o recebem) chega a 75%. Na América Latina, essa taxa deve ser maior, pois a qualidade e a efetividade do tratamento, como também as comorbidades, não são estudadas (PAHO, 2009).

Um estudo publicado em 2012 mostrou que, na região metropolitana de São Paulo, 29,6% da população apresenta transtorno mental, com grau moderado ou grave em dois terços dos casos (Andrade et al., 2012).

Frente à toda esta demanda, a prevenção e promoção de saúde ainda são a melhor alternativa. Conforme o site do janeiro branco, “o mundo pede, o mundo precisa e todo mundo que compõe a humanidade tem direito à Saúde Mental. Direito à Saúde Mental e a informações sobre Saúde Mental. Somente as corretas informações sobre tudo o que pode produzir Saúde e Saúde Mental nas vidas dos indivíduos é que conseguirão ajudar as pessoas a terem vidas mais harmônicas, mais felizes, mais saudáveis, com mais sentido e com mais propósitos que façam bem a todos”.

Segundo a campanha é necessário que se fale sobre Saúde Mental e sobre absolutamente tudo o que diz respeito às múltiplas dimensões da Saúde Mental dos indivíduos e das instituições sociais. Precisa falar sobre Saúde Mental e ensinar os indivíduos a pensarem sobre as condições pessoais, sociais, materiais, culturais, subjetivas e objetivas nas quais vivem, nas quais se relacionam e nas quais reproduzem as suas existências.

Desenvolver uma cultura de saúde mental, cidades mentalmente saudáveis, é urgente, assim como disseminar esta ideia. Em nossa região estamos dando passos muito lento em busca dessa mudança de paradigma, todos nós temos que nos dar as mãos e seguir em busca deste ideal.

Dr. Saraiva é especialista em psicoterapia Cognitivo Comportamental pela PUC de Porto Alegre e Dependência Química pela Federal de São Paulo, professor do curso de medicina da UFFS e da Imed, professor das residências de psiquiatria, geriatria, medicina de família e residência multiprofissional em saúde da família, além de designação de Mestre em Envelhecimento Humano.

FOTO: Jornal Folha Regional